Certos sentimentos depressivos, muitas vezes descartados como dificuldades da meia-idade, podem aumentar significativamente o risco de demência mais tarde na vida. Novas pesquisas destacam que nem toda depressão é igual; sintomas específicos – particularmente aqueles que envolvem perda de confiança e incapacidade de lidar com problemas – parecem estar fortemente ligados ao declínio cognitivo. Este estudo, que acompanhou quase 6.000 funcionários do governo britânico ao longo de 23 anos, demonstra um risco 27% maior de demência entre aqueles que relatam cinco ou mais sintomas depressivos.
Principais conclusões do estudo
O estudo de longo prazo, publicado em 2023, examinou 30 sintomas específicos de depressão por meio de questionários. Os participantes foram acompanhados através de registos nacionais de saúde, permitindo aos investigadores identificar alterações de humor muito antes do surgimento dos sintomas típicos de demência. As descobertas revelaram que seis sintomas foram particularmente preditivos de demência :
- Perder a confiança em si mesmo
- Incapacidade de enfrentar problemas
- Falta de carinho ou carinho para com os outros
- Nervosismo constante
- Insatisfação com a conclusão da tarefa
- Dificuldade de concentração
Notavelmente, perda de autoconfiança e dificuldade em lidar com problemas aumentaram o risco de demência em cerca de 50%. No entanto, sintomas comumente experimentados, como mau humor ou distúrbios do sono, não mostraram a mesma ligação.
Por que isso é importante
Esta pesquisa é significativa porque desafia a suposição de que toda depressão é igualmente prejudicial à saúde cognitiva a longo prazo. A identificação de grupos de sintomas específicos poderia permitir intervenções mais direcionadas. O longo período de acompanhamento do estudo é crucial; a maior parte das pesquisas sobre demência concentra-se nos sintomas em estágio avançado, enquanto este estudo analisa os precursores que podem aparecer décadas antes. Esta detecção precoce é crítica, pois as intervenções podem ser mais eficazes antes que ocorram danos cerebrais irreversíveis.
Limitações e pesquisas futuras
O estudo reconhece várias limitações. A amostra consistia principalmente de homens brancos, levantando questões sobre a generalização para mulheres e outras etnias. Além disso, a avaliação dos sintomas baseou-se num instantâneo de duas semanas, que pode não captar totalmente a complexidade da depressão crónica.
Os especialistas enfatizam que essas descobertas não significam que alguns sintomas depressivos “importem” mais do que outros. Victor Henderson, diretor do Centro de Pesquisa de Alzheimer de Stanford, observa que a interconexão dos sintomas significa que melhorar um geralmente melhora outros. São necessários estudos maiores e mais diversos para confirmar esses padrões em diferentes populações.
Mecanismos Biológicos e Prevenção
Os cientistas acreditam que a depressão crónica pode contribuir para a demência através de várias vias biológicas, incluindo aumento da inflamação, alteração das hormonas do stress e redução da plasticidade cerebral. Embora as terapias psicológicas e os antidepressivos possam oferecer alguma proteção, são necessárias mais pesquisas para compreender os seus efeitos a longo prazo.
A principal conclusão é que os indivíduos que lutam com estes sintomas depressivos específicos devem procurar atendimento médico. Melhorar a saúde mental também pode encorajar mudanças no estilo de vida que melhoram a saúde do cérebro, tais como maior envolvimento social e estimulação cognitiva.
Em última análise, compreender a ligação sutil entre depressão e demência é essencial para uma gestão proativa da saúde cerebral.


















